Código
RC207
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Escola Cearense de oftalmologia
- Secundaria: UNICHRISTUS
Autores
- DAVYSON SAMPAIO BRAGA (Interesse Comercial: NÃO)
- Luiz William Santiago Cavalcante (Interesse Comercial: NÃO)
- Antônio Brunno Nepomuceno (Interesse Comercial: NÃO)
Título
MANIFESTAÇÕES RELACIONADAS À EXPOSIÇÃO OCULAR AO ÁCIDO PERACÉTICO: RELATO DE CASO
Objetivo
Relatar o caso de um paciente, que refere contaminação com ácido peracético e apresentou queixas visuais, e avaliar sua evolução.
Relato do Caso
Paciente do sexo masculino, 21 anos, auxiliar de produção, durante a jornada de trabalho recebeu um forte jato de ácido peracético diretamente em ambos os olhos (AO), porém com maior intensidade em olho esquerdo (OE), e lavou abundantemente com água corrente logo em seguida ao acidente. Devido à sensação de queimação e à ardência nos olhos, procurou atendimento em serviço de emergência oftalmológica. Ao exame, apresentava boa acuidade visual (20/20 em AO), biomicroscopia com hiperemia conjuntival 1+/4+ em olho direito (OD) e 2+/4+ em OE, além de injeção ciliar importante no OE (e leve no OD). Após instilar fluoresceína, observou-se ceratite puntata leve em AO, sem úlceras. Foi orientado a realizar lavagem dos olhos e a utilização de colírio lubrificante. No dia seguinte, retornou com a melhora dos sintomas, porém com queixa importante de baixa visual em OE, que passou a conta dedos a 50 cm, e OD permanecia com visão normal (20/20), sem a presença de lesões corneanas. No mapeamento de retina, observou-se edema de papila, 580 μm OD e 940 μm OE. A angiografia fluorescente revelava leakage do disco óptico que aumentava progressivamente ao longo da sequência, com ampla difusão do contraste, margem regular e mal definida do nervo e papila pouco nítida, indicando um quadro de neurite óptica. Foi prescrito prednisona 40 mg/dia durante 5 dias, ressonância de encéfalo (RNM) e sorologia para sífilis, HIV e herpes. Retornou após 40 dias, com o resultado dos exames: RNM normal e sorologias negativas e melhora da acuidade visual, voltando a 20/20 em AV e angiografia normal.
Conclusão
Trata-se de um caso raro com a descrição dos efeitos oftalmológicos da contaminação ocular com o ácido peracético, demonstrando que o mesmo pode causar neurite óptica, cuja intensidade depende do tempo e duração da exposição ao ácido.
ANVISA: 25352012367201880