Título

Neuropatia óptica isquêmica posterior secundária a êmbolo cardíaco por valvulopatia mitral reumática: relato de caso

Objetivo

Alertar sobre a investigação minuciosa das causas de baixa acuidade visual nos casos em que não há alteração no exame de fundoscopia

Relato do Caso

Paciente do sexo feminino, 21 anos, com queixa de baixa acuidade visual súbita em olho esquerdo há três dias. Nega outras queixas. Ao exame, acuidade visual de 20/20 em olho direito (plano <> -0,50 x 90) e 20/80 em olho esquerdo (plano <> -0,75 x 85). Biomicroscopia e fundoscopia sem alterações. Presença de defeito pupilar aferente relativo, discromatopsia e campimetria de confrontação com presença de escotoma inferior em olho esquerdo. Inicialmente, OCT-B/OCT-A de papila e mácula sem alterações. Em acompanhamento psiquiátrico por apresentar transtorno misto ansioso e depressivo e palpitações. Aos exames: RNM de neuroeixo sem alterações; VHS, PCR e demais provas inflamatórias sem alterações; sorologias negativas. Avaliação hematológica sem alterações. Ausculta com sopro diastólico; ECG com sobrecarga do átrio esquerdo; USG de carótidas sem alterações; radiografia de tórax apresentando retificação da borda cardíaca esquerda, por dilatação do apêndice do átrio esquerdo e alargamento da carina; ecocardiograma demonstrando válvula mitral espessada, com abertura em cúpula, mobilidade reduzida, calcificação única e comprometimento do aparalho subvalvar. Após oito semanas, um segundo OCT foi realizado, o qual apresentava afinamento da porção superior da camada de fibras nervosas peripapilares e afinamento predominantemente do quadrante superior do nervo óptico esquerdo, reforçando com isso a ideia de se tratar de um quadro isquêmico.

Conclusão

A NOIP é um acometimento que leva a perda súbita da visão, por uma diminuição ou suspensão do fluxo sanguíneo para o nervo óptico, na sua parte posterior. O diagnóstico é feito após outras causas serem excluídas. Por se tratar de um caso secundário a embolo cardíaco por valvulopatia mitral reumática, o seguimento ocorreu numa estreita relação entre o oftalmologista e o cardiologista, tento sido tratada com anticoagulante e profilaxia secundária para febre reumática.